terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ética e deontologia

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O país e as faquinhas de barrar


Uma certa marca de manteiga oferece, em cada embalagem, uma faquinha. As faquinhas têm cabos coloridos, verdes, azuis, etc. Permitem fazer conjuntos de uma só cor ou de cores diferentes. Podem usar-se para barrar pão fresco, tostas, bolachas com manteiga, paté, queijo, doces vários.. Não ficam nada mal numa mesa do dia-a-dia ou de visitas mais chegadas.

E, melhor do que tudo, não tendo código de barras, podem, com discrição, separar-se da embalagem de manteiga, bastando rasgar-se um auto-colante que as segura, e guardarem-se algures, no bolso ou na carteira… Ficam a preço zero, não custam nada!

A avaliar pela quantidade de embalagens de manteiga a que falta a faquinha, no supermercado onde vou, deduzo que este seja o raciocínio de alguns que por lá se passeiam.

Uma coisa sem importância absolutamente nenhuma, dirão os leitores. Talvez... Mas, não deixo de pensar que pode ser uma coisa importante, uma coisa que (mesmo que apenas e só no domínio do simbólico) explique porque é que, como país, toleramos, nas palavras de Salgueiro Maia, “o estado a que chegámos” na política, na economia, na saúde, na educação… porque é que toleramos as imposturas com que nos deparamos todos os dias, porque é que toleramos os múltiplos discursos falaciosos, porque é que toleramos o óbvio retrocesso nos direitos humanos básicos, porque é que toleramos as pessoas que sabemos desonestas, porque é que toleramos a humilhação dissimulada, o permanente controlo, porque é que toleramos quem sorri elegante e manipulativamente... E, sobretudo, porque é que não toleramos de maneira nenhuma quem nos apresenta claramente a verdade, quem nos aponta caminhos que nos desviem dos vários abismos que vemos à nossa frente, ou ao nosso lado...

Num país em que se destacam da embalagem de manteiga faquinhas para barrar ainda teremos capacidade para perceber o que significa destacar da embalagem de manteiga faquinhas para barrar?
Posted by Helena Damião at 12:01 10 comments   Links to this post
Labels: portugal, valores
TG

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Alerta do Banco Mundial

Escalada do preço dos alimentos gera mais 44 milhões de pobres

O Banco Mundial alertou hoje que a escalada nos preços dos produtos alimentares atiraram mais 44 milhões de pessoas para uma situação de “pobreza extrema”. Os preços mundiais estão a evoluir para níveis perigosos e ameaçam dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo”, afirmou o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.

A organização considera que uma pessoa vive em situação de “pobreza extrema” quando tem menos de 1,25 dólares (0,93 euros) por dia para as suas despesas.





Comentários
1.      O preço dos alimentos
Há 7 anos atrás a culpa da fome no mundo era o baixo preço dos alimentos: e eis que surgiu todo o discurso de soberania alimentar. Hoje serão os altos preços dos alimentos? Na verdade são as elevadas margens de lucro dos intermediários (lembremos que, depois das farmacêuticas, as empresas de alimentos são as maiores do mundo) e a instabilidade dos preços agrícolas que serão sempre instáveis na ausência de políticas públicas para estabilizá-los.

2.      Os biocombustíveis

O estragar comida para fazer gasóleo, na trágica ideia dos biocombustíveis, é mais um crime contra a humanidade.

3.      O capitalismo selvagem
E uma tragédia, a noticia. Por que é que o capitalismo selvagem é responsável por isto? Primeiro, porque o aumento de preços dos produtos e consequência de uma mercado especulativo que joga com a comida dos seres humanos como objecto de investimento especulativo (capitalismo selvagem).
15.02.2011 – Adaptado do Público (J.M. Rocha)



TG

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Tempo Egípcio


Sirius, uma das mais importantes estrelas da antiga astronomia egípcia

A minha crónica semanal no jornal i, esta semana dedicada a um outro Egipto ...


É uma mera curiosidade histórica; nestes tempos conturbados em que o planeta está mergulhado, repare-se na ironia de assistirmos em directo às fragilidades sociais, económicas e políticas de grandes potências com um passado clássico a quem a nossa cultura tanto deve: Grécia e Egipto. Seguir-se-ão os colossos dos Descobrimentos e do Renascimento? Divagações! Como bem reconhecida é a herança grega, falemos do Egipto e da sua astronomia. Para além da ligação da posição das grandes pirâmides com o mapa celestial nocturno, os egípcios tinham um interesse particular por uma estrela que se tornou divindade: Sirius. Majestosa, azul real fascinante, era ansiosamente esperada de manhã; se aparecesse pouco antes do nascer do Sol, trazia um aviso: o rio da vitalidade, o Nilo, inundaria os campos. Para além de Sirius, procuravam também outras 36 estrelas igualmente distanciadas no espaço e que, de dez em dez dias, nasceriam igualmente pouco antes do Sol - seriam as estrelas decanas e aí residiria a base para o ano egípcio (36X10=360) que, mais tarde e melhorado, chegou até nós. Sabiam, também, que o céu parecia rodar à nossa volta e, assim, as decanas deveriam nascer em intervalos regulares na escuridão da noite. Estimavam que nasceriam 12 decanas durante a noite, o mesmo número durante o dia, uma por cada hora. Surge então a duração de um dia: 24 horas. Temos, assim, a glória da astronomia egípcia em cada batimento do nosso moderno Tempo!